A hora da economia circular
O modelo linear de produção e de consumo está com os dias contados.
Chegou a hora da Economia Circular.
Precisamos urgentemente otimizar recursos, com prioridade no redesign, na reutilização, na remanufatura e na reciclagem.
Este é um caminho global e inevitável.
Envolve todas as cadeias produtivas, de todos os setores da economia até o consumidor final e causa impacto positivo na sociedade (econômico, social e ambiental).
O estudo Breaking the Plastic Wave, da The Pew Charitable Trusts e SYSTEMIQ, em parceria com demais instituições, prevê a geração de US$ 200 bilhões por ano com a Economia Circular, além da redução em 25% dos gases de efeito estufa e criação de saldo líquido de 700 mil empregos adicionais até 2040.
É urgente a implementação concreta do modelo, que exige novas funções e aplicações do plástico. Um material transversal, presente em mais de 95% da matriz industrial, indutor da inovação e na vanguarda das transformações, seguindo os preceitos da circularidade.
Plástico é um material apto para a efetivação da Economia Circular, pois é durável, polivalente e presente na maioria das cadeias de valor da indústria.
Assim, é preciso que a implementação desse novo modelo seja construída por todos e em conjunto.
A iniciativa privada – incluindo a indústria de transformação - tem o compromisso de fomentar a Economia Circular e levar o tema para a estratégia de suas companhias.
É preciso criar e instituir novos formatos de negócios que tragam ganhos econômicos para as empresas e para a sociedade. Além disso, reconfigurar as cadeias produtivas e levar informação para a população sobre consumo consciente e destinação correta, com uma visão sistêmica e colaborativa.
Em conjunto, o poder público também possui função fundamental, pois pode criar políticas alicerçadas na Economia Circular, propor reformas legislativas e mudanças na organização da sociedade que facilitem a transformação do paradigma atual para o novo.
Sabemos que o processo é desafiador e que o caminho é longo. Mas sabemos também que é inevitável. Principal representante dos setores de transformação e reciclagem de plástico, a ABIPLAST manifesta firme convicção no caminho da Economia Circular. Colocamo-nos à frente do enorme desafio e convidamos toda a sociedade para caminhar junto conosco para essa grande transformação.
Economia Circular é uma nova maneira de pensar em modelos de negócio e de acumulação, pautados na otimização dos recursos, desde aqueles extraídos da natureza até os empenhados pelo capital – tempo, trabalho, mão de obra, inovação, entre outros. Da gestão eficiente dos recursos e resíduos ao compartilhamento de bens, passando por prolongamento do ciclo de vida de produtos, por meio do redesign até a reciclagem, passando pela reutilização, por exemplo, tudo está inserido nesse conceito.
É uma alternativa que busca redefinir a noção de crescimento, com foco em benefícios para toda a sociedade. Isto envolve dissociar a atividade econômica do consumo de recursos finitos, e eliminar resíduos do sistema por princípio. Apoiada por uma transição para fontes de energia renovável, o modelo circular constrói capital econômico, natural e social.
Os novos modelos de negócio criados no âmbito da Economia Circular maximizam o valor de produtos e serviços dentro do processo produtivo, e minimizam a geração de resíduos a fim de evitar custos com a disposição e perda de valor dos esforços para produção do bem. Com isso, há impacto positivo na competitividade e na viabilidade de todos os atores envolvidos.
Uma das principais referências para a Economia Circular é o conceito de cradle to cradle ou C2C - em inglês, ‘do berço ao berço’. A ideia surge em oposição ao processo linear de extração, produção e descarte, com o objetivo de se pensar os produtos e os recursos em uma lógica circular de criação e reutilização.
Para atingir essa meta, coloca o design de produtos como central, em que cada passagem de ciclo se torna um novo ‘berço’ para determinado material. Assim, o modelo linear é substituído por sistemas cíclicos, permitindo que recursos sejam reutilizados e circulem em fluxos seguros e saudáveis – para os seres humanos, para a natureza e para a economia.
A Economia Circular busca reconstruir capital, seja ele financeiro, manufaturado, humano, social ou natural, para garantir fluxos aprimorados de bens e serviços.
Um processo produtivo baseado nos princípios da Economia Circular possui maior potencial de sustentabilidade do negócio, gerando impactos positivos para o capital e para o meio ambiente.
Olhando para o horizonte, o novo conceito almeja aprimorar o olhar sobre o negócio. Isso permite que as empresas estejam mais conectadas ao seu mercado e suas adjacências. Por sua vez, as companhias compreendem e criam modus operandi adequado a entender seus recursos e impactos de maneira sistêmica, aproveitando ao máximo a potencialidade dos seus recursos e dos produtos concebidos. Há maior conexão entre os elos da cadeia de valor, de maneira a criar, coletivamente, as soluções para as questões da sociedade atual.
Você sabia que o plástico está presente em mais de 95% da matriz industrial brasileira? Ou que, em 2012, relatório da Mckinsey reforçou a inserção do plástico no conceito de economia circular, justamente porque o material está presente em quase toda a indústria globalmente?
Da construção civil ao setor automotivo, passando por agricultura, saúde, alimentos e bebidas, entre outros, o material é essencial para as cadeias produtivas, considerado indutor de inovação e central na transição do modelo linear para o circular.
Em tempos recentes, uma série de iniciativas vem surgindo mostrando que o plástico é compatível com o modelo de produção e consumo sustentáveis. Em sinergia com o momento, a indústria do plástico atravessa período de transformação, inserindo a sustentabilidade como prioridade.
Desde o surgimento, por volta de 1900, o plástico passou por várias fases de desenvolvimento, além de diversos usos em diferentes segmentos. Da baquelite, primeiro plástico totalmente sintético, aos materiais feitos a partir da polimerização – PVC, PS, PET, PP, PE -, foram décadas de inovações.
A partir dos anos 1980, o material começou a ser questionado, sobretudo do ponto de vista ambiental. De lá para cá, surgiram soluções para o controle, a destinação correta pós-consumo e a reutilização do material, colocando a economia circular no centro. Em 2012, relatório da Mckinsey trouxe visão de priorização de novos modelos de negócio, reforçando a inserção do plástico no conceito de economia circular, em especial porque o material está presente em quase toda a indústria.
Nos anos seguintes, outras visões, manifestos, estudos e diretrizes apontaram em direção ao modelo de economia circular – relatório da Fundação Ellen MacArthur (2014), New Plastics Economy (2016), proibição de importação de resíduos pela China (2017), Global Commitment (2018), entre outros.
Uma série de iniciativas vêm surgindo mostrando que o plástico é compatível com o modelo de consumo sustentável.
A indústria do plástico atravessa um período de transformação e a sustentabilidade vem conquistando cada vez mais espaço.
No Brasil, as indústrias dos fabricantes de produtos plásticos e de reciclagem do material empregam mais de 330 mil pessoas – sendo, juntas, a 4° maior indústria empregadora dentre os setores da indústria de transformação. Possui quase 12 mil empresas espalhadas pelo país e movimentou mais de R$ 90 bilhões em 2020, segundo o Perfil da Indústria Brasileira de Transformação e Reciclagem de Material Plástico.
Trata-se de um material presente em mais de 95% da matriz industrial, indutor da inovação e na vanguarda das transformações. Atende a setores econômicos como construção civil; alimentos e bebidas, perfumaria, higiene e limpeza,; automóveis e demais transportes; máquinas e equipamentos; móveis; agricultura; eletrônicos e têxteis e vestuário
Por isso, diante de suas propriedades que permitem diversas aplicações, sendo polivalente na maioria das cadeias de valor da indústria, além de ser acessível, leve, higiênico e seguro, sendo possível sua recuperação e resinserção na cadeia produtiva, é urgente avançar no contexto da economia circular, que exige modelos de negócios com novas funções e aplicações para o plástico.
A pandemia da Covid-19 deu um novo fôlego ao debate sobre o uso do plástico no Brasil. Evidenciou benefícios do material, alvo de proibições em todo o mundo. Por representar uma solução simples, acessível e eficaz, o plástico está, por exemplo, nos descartáveis - desde itens para alimentação até médico-hospitalares – que ganharam relevância com a crise sanitária. A pandemia deve servir de oportunidade para ampliar as discussões sobre os caminhos da gestão de resíduos, passando pela coleta seletiva e reciclagem.
A economia circular só traz vantagens, mas o reaproveitamento em larga escala ainda é um grande desafio. O estudo Breaking the Plastic Wave, da Pew Charitable Trusts e SYSTEMIQ, em parceria com outras instituições, mostra um cenário muito promissor: economia de US$ 200 bilhões por ano; redução em 80% do volume de plástico que chega aos oceanos por ano; queda de 25% das emissões de gases do efeito estufa; e a criação de 700 mil empregos adicionais até 2040.
É fundamental intensificar a busca por novos modelos de negócios dentro da economia circular, envolvendo a gestão de resíduos e a captação desses para reciclagem mecânica, bem como o reaproveitamento do produto, por meio de redesign. Encontrar soluções de alto impacto nos três pilares da sustentabilidade – econômico, social e ambiental – deve nortear o futuro da indústria.
É necessário, portanto, termos em vista novos materiais, redesign, reutilização, remanufatura e reciclagem do plástico mas sobretudo a gestão de resíduos como um todo, possuindo um olhar sistêmico dos desafios, compondo os aspectos centrais para o debate e a aplicação do conceito.
É preciso destacar os compromissos individuais de diversas empresas, que têm aprofundado políticas e iniciativas voltadas para a economia circular, bem como o movimento do poder público. No Brasil, destaques para o Marco Legal do Saneamento, com abordagens sobre a gestão de resíduos, além do PLANARES (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), que traz uma nova estratégia para cumprimentos da PNRS com viés também voltado para políticas públicas.
Em prol da economia circular
Sustentabilidade é tema central na agenda de compromissos da ABIPLAST. Além de liderar debates fundamentais em torno do assunto, a entidade trabalha com iniciativas concretas para o avanço da mudança total do atual modelo linear de produção.
Por isso, a concreta implementação da Economia Circular na cadeia produtiva está no topo das prioridades da ABIPLAST para os próximos anos. A associação reforça a missão de desenvolver ações que preparem o setor para a nova realidade, já em pleno andamento no mundo todo.